segunda-feira, 11 de março de 2013

A trilha e o fator constante




A verdade é que no meio de todas aquelas cartas, via-se claramente a tentativa compulsiva de persistir crendo no que não passava de uma ilusão personificada. 
Eram poucos os gestos que a motivariam a desistir de uma ideia tão altruísta. Era tão lógico que se tratava de uma desconstrução total daquilo que ela conhecia como vida. O problema é que eram também poucas as razões que a fariam continuar trilhando o caminho em que estava.
Pense em alguém que viveu boa parte de sua existência caminhando na lama. Faz sentido que essa pobre criatura queira lavar os pés. 
Mas, mudar o caminho para um aonde exista somente água... Não fará com que ela viva com os pés molhados? 
O que quero dizer é simples. Seja na lama, ou na água, seus pés estarão sujos ou para sempre molhados. Não há meio termo e, exatamente por não haver, não há razão para tentar mudar a realidade para a qual você foi designado. 
Alguns caminham sobre pedras, outros sobre ovos e os mais sortudos, sobre penas. 
(Fique explícito que isso não te impede de cair através delas). 
Sempre haverá dor. Este é o fator constante. Pois o ser humano, busca, mesmo que aos tropeços, o equilíbrio no meio em que vive. Porém, nunca encontrará o equilíbrio dentro de si. Pois é disso que essa vida se trata. Do teste, da dor, do sangue e do suor de quem espera por algo bom, mas no fundo sabe que esta lama sempre estará entre os dedos de seus pés. Até o fim desses dias. 
Não é fácil entender ou, mesmo entendendo, aceitar este fato. Muitos discutem e tecem suas teorias otimistas, entrelaçadas com fios de vento. 
Mas não há vento que atravesse o concreto e este é um fato concreto. 
Você nasce provocando dor e morre deixando a dor pra trás. 
Aqueles que ficam choram porque você se foi. 
Mas você sorri. Liberto do sofrer, enfim. 
Por isso é necessário viver... 
É preciso passar no teste.