terça-feira, 28 de abril de 2020

As coisas que fazemos por amor


São Paulo, 28 de abril de 2020.

Escrevo esse texto num trem lotado, mesmo em meio à pandemia. Não, não estou indo trabalhar. Se eu fosse, teria tomado mais cuidado na hora de me arrumar. Não estaria de boné, nem com um pijama por baixo da blusa (sim, acabei de perceber que estou com o pijama aqui), e sem máscara no meio de um grupo de mascarados.

Na verdade, era pra eu estar dormindo depois de madrugar pra levar minha esposa no ponto, porque ela sim foi trabalhar. Um daqueles dias atípicos onde a empresa a convocou para ter que ir presencialmente no trabalho...

A verdade é que eu estou com vergonha por estar assim num coletivo indo para o outro lado da cidade, com sono depois de ter ido dormir umas 04hrs da manhã após passar a madrugada lendo e estudando um pouquinho, mas estou aqui por causa dela.

"Tome meu celular", ela falou. E eu o peguei. Já me acostumei a ser o porta-celular dela, guardando pra ninguém roubar dela no caminho de casa ao ponto. Fomos conversando e ela falando de dois caras numa moto que tentaram roubar uma moça da nossa rua ontem. Enfim...

Tudo bonitinho, parados no ponto, esperando chegar a perua, e pronto! Cá estamos! Ela entra no ônibus e eu volto pra casa. Assim que entro, me lembro que é dia do lixo, volto pra rua levando o saco de lixo pra fora, quando me dou conta que o celular dela ficou comigo.

Até aí, tudo bem. Ela tem i celular do trabalho. Poderia usar pra qualquer eventualidade, mas o celular do trabalho ficou em casa!

Agora, como ela vai trabalhar? Pensei. Corri ao ponto e peguei uma perua qie demorou um pouquinho pra passar. Orando pra ela estar voltando pra casa, ou estar numa perua no sentido contrário. Ela não estava.

Comecei a orar pra ela estar na estação e nenhum trem chegar. Quando olho, um trem acaba de sair. Então, tô aqui, só me dando conta de como estou vestido agora.

Eu poderia ter tirado a camisa do pijama e vindo com uma camiseta, pior, está começando a esquentar...

Poderia estar mais arrumado, mas não era esse o plano, né? Quis Deus que eu viesse pra cá assim. A razão eu não sei...

As coisas que fazemos por amor, talvez sejam meio inexplicáveis na hora. A gente tenta prever as coisas, evitar e tal. Mas nessas horas deixamos de lado todo e qualquer comodismo pra simplesmente ir e resolver, ir e fazer o que a pessoa que amamos necessita...

E pensar que um dia Deus fez algo parecido, só que em escala maior. Ele poderia ter vindo s arrumadinho, mais bonito, mas Ele teve pressa. Deixou de se arrumar pra vir correndo pra cá. Com pressa, esvaziou-se de si mesmo tomando a forma de servo.

Se eu tô sendo motivo de riso agora, imagine Ele. Foi tão caçoado, humilhado, que colocaram-No em uma cruz, o maior símbolo de humilhação para um homem no primeiro século.

Mas Ele tinha que vir, não pra trazer um celular pra que nós trabalhássemos, mas para nos trazer algo mais valioso que perdemos no Éden: a vida eterna.

Pois é, as coisas que fazemos por amor...

Ozni Coelho Simões

quinta-feira, 23 de abril de 2020

O FIM DO MUNDO

O FIM DO MUNDO


Comentário sobre "2012" do Silva, e uma análise sobre a autodestruição


Há uma canção que eu gosto muito de um cantor sensacional. Não, esse cara não aparece constantemente nos tabloides da mídia, tampouco nas berlindas tradicionais, mas é um gênio. O ano era 2012, quando todo mundo dizia: “o mundo vai acabar”. Sim, o mundo talvez tenha acabado e o que nós hoje vemos é apenas o que restou dele, um outro mundo. E isso já disse Lavoisier, o pai da química moderna: “Nada se cria, tudo se transforma”. Não, o mundo não acabou, mas tem se transformado, infelizmente ou não, ele ainda é o mesmo, só não mais do mesmo jeito.

Ainda tenho tendências a ser prolixo, e talvez por ser prolixo eu demoro muito para ir direto ao ponto, quero falar do Silva, um músico sensacional que eu tive o prazer de conhecer em uma conversa com um amigo. De fato, boas músicas são indicadas com boas conversas, e numa dessas conversas  no ano de 2017 pude ouvir a música “2012” – cerca de cinco anos depois do ano em que o mundo acabou.

Ouvi uma vez e fiz o que faço com músicas que me intrigam: a repeti por muitas e muitas vezes. Cheguei a decorar a letra ainda no primeiro dia em que a ouvi. Achei fantástica a jogada de palavras, os efeitos, os sons, o ritmo, as melodias, a voz. Mas a letra mexeu comigo, mexeu de forma que eu nunca imaginei.

Com o link abaixo, creio que vocês poderão ouvi-la e tirar por si só as suas conclusões sobre ela. Me dei conta que o mundo continua acabando, mesmo quando não parece. Essa autodestruição pode ser compreendida de diversas formas, isso dependendo de quem e como a enxerga. Eu vejo como viu Lavoisier, há uma transformação intensa e constante, não perdendo sua essência, tampouco sua capacidade autodestrutiva.

Aí, respeitando as diferenças de opinião, ouço pessoas falando que o homem é o principal causador do “fim do mundo”. O homem hoje é visto como o maior problema do universo. Dizem eles que nós recebemos um planeta belo e perfeito, mas a nossa insensatez e arrogância pressionaram o botão de autodestruição e cá estamos nós, morrendo como nunca.

Não penso assim da raça humana. Por mais que eu reconheça que nós causamos todo esse caos no planeta, matamos, ferimos, adoecemos o planeta, penso que se não fosse o homem, com toda a certeza outro animal o faria. Era a nossa vez de acabar com tudo e deixar um universo precário para as próximas gerações que virão em seguida.

Sobre isso, venho com a frase do For Today que eu gosto bastante: “Em um mundo voltado para a autodestruição a resposta está aqui. Será que estamos tão cegos para vê-la?”. Talvez estejamos cegos, ou mesmo não queremos entender o que está acontecendo. Dizem que o pior cego é o que não quer ver, não é?

Porém, “eu não estou interessado em nenhuma teoria” (saudoso Belchior e sua Alucinação), quero apenas me assentar e ver. Observar o vento, olhar as nuvens, contrariando o sábio Salomão que disse quem faz isso não planta e nem colhe. O grande problema é que ninguém está em condições de plantar, nem de colher nada, pois estamos em quarentena. Então, apenas faça como eu, como fez o Silva, vá para a sacada e assista o fim do mundo. Por mais caótico que seja, ele tem lá a sua beleza.


Ozni Coelho Simões



2012 – Silva (2012)

O fim do mundo vi dessa sacada
Mas hora alguma quis pular, quis pular
Quem se apressou perdeu toda essa luz crepuscular

Não quero certo, gosto mesmo do incerto
Pode ser belo o feio visto de perto
O avesso às vezes dá certo

Veja só o lusco-fusco e eu reparo
É o fim do mundo e o que sei
É que eu não sinto mais medo

terça-feira, 10 de março de 2020

Reflexão do Salmo 126.4








"Restaura, Senhor , a nossa sorte, como as torrentes no Neguebe" (Salmos 126.4).


Há de reverdecer! Quando passar o Espírito de vida por este deserto, há de florescer! Por onde passar o Senhor, o Espírito Santo trará vida, vigor, trará frutos, mantimento, paz, alegria, trará vida!
Ah, sim! haverá vida em nós, haverá vida em nossa casa, em nossa alma tão sequiosa e cansada, manchada e marcada. Essa água animará, trará paz, e logo estaremos completos.

Ele no guia, Ele nos sustenta. Ele fará prosperar os caminhos e o trabalho de nossa alma. Ele verá os frutos e se alegrará, pois onde havia um deserto, Ele passou e uma vereda floresceu.

Ozni Coelho Simões

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Isso sempre tem onde há gente

O tanto que você murmura me faz adoecer.
O tanto que você reclama me faz querer pular do alto de uma ponte.
O tanto que você é negativo faz meu dia ser maçante.
O tanto que 

É normal, dizem que sim.
Onde há gente é sempre assim.
Sem amor, só ardor
O ardor que não tem fim


Ozni Coelho Simões