sábado, 19 de maio de 2012

Sete anos... Adeus Barcelona, Adeus Dolores Sierra.



Sete anos.
Esperei alguns dias para falar sobre esse assunto tão necessário.
O que mais me decepciona na engenharia dos seres humanos, é o quanto a memória é falha.
É tão triste ver suas lembranças perdendo a nitidez. Detalhes tão importantes sendo esquecidos.
Teu rosto em minha mente agora não passa de um borrão, como nos sonhos mais desconexos.
Sua voz, que antes me soava tão doce,  tornou-se um ruído longínquo.
Quando penso em você, sinto-me distante do que sou agora.
Seu problema é ser  fuga de minha realidade. Um ideal distrativo.
Sempre que posso, ou que aguento, escrevo para te dizer o que fiz desde que você se foi.
Talvez o fato de nunca ter havido uma despedida, fez com que eu nunca superasse sua partida.
Todos viram o quanto meu olhos ficaram cansados e o quanto meu sorriso passou a ser triste.
É difícil acreditar que tudo foi como havia de ser.
Sei que o primeiro sofrer existe como uma lição, sem a qual não se pode seguir.
Mas, nesse caso, fez somente com que eu me tornasse detestável para todas as outras pessoas à minha volta.
Eternamente um velho jovem, cansado de lidar com todos estes amores efêmeros.
Tanto escrevi e tanto disse, que fiz do canto estrago de minhas dores.
Já andei e estive manco, por correr atrás de flores.
Lembro de sua fascinação pelos lírios, e coloquei-os em uma música que estranhamente me aproximou de outra moça. Nela eu dizia que esperava que não esquecesse, nem ao menos um segundo, de todas as tardes em que você ficou e eu fui até o extremo sul colhê-los, pois colocados em seus cabelos diluiriam a essência de meus novos poemas.
Estes, em contraste com seus fios vermelhos, sentiam-se absolutamente felizes por naquele momento estarem em ti.
Seu vestido florido, sua sapatilha e seu portunhol tão lindo.
Reflexos vivos de tudo o que me transformou em alguém distante de meu tempo.
Distante do que um dia fui.
Não tenho uma foto. Você vive somente em minha memória, também já desgastada.
Não pelo passar do tempo, mas sim pelo meu passar.
E como foi escrito, toda dor vai e volta em forma de saudade.
Esta é a última vez que escrevo sobre você, espanhola.
Pois passou-se o tempo exato da perfeição e é a hora de voltar a viver como não vivi, por estar recluso todos estes anos.
Sempre me lembrarei. Sempre te lembrarei. Afinal, não tem o direito de esquecer de seu anjo.
Sete anos...
'Adeus Barcelona, Adeus Dolores Sierra.'

2 comentários:

  1. Para alem das ideias e conceitos pre determinados e os ainda não definidos, seu texto sempre me surpreende e fico no aguardo do seguinte...

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