quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Ela


Há sempre esse descolorir em escalas na curta duração da vida humana. Assim como há o anseio pela imortalidade. Como se o ter mais tempo fosse o suficiente para encontrar as respostas para todas as perguntas que são feitas ao longo dos anos. 

A verdade é que o tempo é apenas uma concepção criada pelo homem para medir sua frustração. São os próprios destruidores do amanhã. Um ser frágil e mortal, que tem como objetivo de vida arruinar tudo ao seu redor, consciente ou inconscientemente. 

Porém, apesar de todos os fatos pelos quais qualquer ser de força maior teria toda a razão em dissipar toda a humanidade, esse ser humano medíocre pode abrigar sentimentos divinos. A começar e terminar pelo Amor, que envolve e é o centro de todas as coisas.  

Algum tempo atrás, enquanto eu escrevia as últimas palavras de um primeiro rascunho de história curta, vi o quanto seria ridículo se o amor fosse a perfeição na qual eu situei as personagens da história. O verdadeiro romance reside na imperfeição de cada dia e, juntas, essas imperfeições acumuladas criam uma história de amor humanamente admirável. 

O ser humano ama muito, justamente por não viver quase nada. O que são 80 anos na história do universo? Não fazem grande diferença. Mas o amor propagado por alguns desses seres, faz. Foi assim que homens como Chaplin, Gandhi e Martin Luther King entraram para a história. 

Tendo como base para seus pensamentos o amor eterno e imutável, que seria o suficiente para curar a humanidade e acabar com todas as diferenças entre um e outro, apontadas constantemente pelo próprio homem. Viveríamos como um em um todo. Não em um conto de fadas moderno feito para o comércio, baseado em todas as inseguranças dos gêneros, atraindo milhões de pessoas que vivem todos os dias sentindo-se menores do que realmente são. Todos esses pequenos deveriam sentir-se grandes simplesmente pela capacidade transcendental de amar. 

Soando ou não como uma grande bobagem, não vejo poesia nisso de ' primeiro olhar - amor eterno'. Nesses termos só é encontrada a lógica em um mundo de sonhos, aonde unicórnios fazem malabarismos com bolos de chocolate, enquanto sapateiam. Mas há poesia na procura. 

Há poesia em, após sete mil olhares, encontrar aquele em que ver o seu reflexo não te faz querer fugir de si mesmo. São olhos que te abraçam e confortam a sua alma. Afinal, ela já estava cansada de rondar por aí, tentando não te fazer desviar do caminho. 

É nessa hora que você percebe que todos aqueles sorrisos anteriores eram somente a sombra projetada pela luz do sorriso daquela que seria o centro de toda a sua poesia, até a consumação dos séculos. Aí você para, observa e percebe que a eternidade não vem do não morrer e sim do viver com a dona desses olhos. Sejam eles castanhos, azuis ou verdes. No fim do dia é tudo sobre 'Ela'. E se me perguntarem quem é ela, eu só posso dizer: 'Você sabe quem'. 

E saberão. Pois seus olhos já responderam essa pergunta um milhão de vezes. 

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