sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Lago de Gehenna


         Eu sinto medo. Medo de minhas fraquezas se mostrarem mais fortes que minhas forças. Sinto vontade de saltar desse morro em que me encontro. Onde o ar é rarefeito e a respiração é pesada.
Desde quando tive coragem de mostrar meus medos? Desde quando tive força para falar que sou fraco? Desde quando tive humildade para assumir que sou orgulhoso?
 Ao passo que meus problemas se tornam relevantes para mim, aqueles a quem prometi ajudar estão morrendo e se matando por aí. Ao passo que minha vida fica cada vez mais subjugada a meus problemas e erros, vidas são ceifadas ao redor do globo terrestre. Isso ninguém tem coragem de falar não é?
Observei tudo ao nosso redor. Problemas, catástrofes, mortes, perdas e derrotas. Há, também, momentos em que as pessoas tentam desviar seus olhos da realidade, na busca de momentos de lazer e de distrações e prazeres que passarão, trazendo ressacas, overdoses, cirroses e estresses.
Ao passo que o mundo pula em seus carnavais, festas, shows e bailes, seus chãos se afundam, onde o fim é o abismo, onde o lago é uma mistura de fogo com enxofre. Onde a morte habitará, e se tornará impotente. Onde o inferno sofrerá por suas ações, e Tártaros será desejado pelos seus antigos habitantes, tudo porque eles mergulharão no Lago de Gehenna.
Alguém ainda quer me fazer parar de chorar? Alguém ainda quer me consolar? Suas festas não estão me adiantando de nada! Suas diversões me deprimem! Suas piadas me proporcionam sorrisos passageiros! Seus passatempos me causam asco! Suas palhaçadas me fazem ter peso na consciência no final!
Não posso sorrir e permanecer sorrindo enquanto bilhões de pessoas vão dar um mergulho no Lago de Gehenna! Não posso aceitar que pessoas se matem e se deixem matar e morrer, mergulhando naquele lago.
Não cometam o erro de achar que suas danças vão me curar. Não cometam o erro de pensarem que saltos, pulos, e outros prazeres, que não é lícito no momento definir e descrevê-los.
Sempre procuramos um culpado, sempre queremos atribuir toda a culpa aos outros, para nos esquivarmos de responsabilidades, mas a culpa é nossa. Não tem jeito. Precisamos assumir isso, até porque, na lista negra de Satã, somos os próximos alvos. Na lista negra demoníaca, somos o alvo principal.
Corremos sérios riscos. Estamos nas mãos do tempo, sendo subjugados a dores, ao assumir que o mundo machuca mais que abraça. Não seremos abraçados. Seremos pisoteados na primeira oportunidade que eles tiverem, seremos arremessados no ago de Gehenna no primeiro descuido. Por este motivo, não posso entrar nesse meio, mas puxá-los até mim.
Ao passo que O Lago de Gehenna transborda, novos mergulhadores vão até lá e se lançam de uma vez por todas.
Ainda querem que eu fique bem? Ainda querem que eu melhore? Nem pensar! Coloquemos vestes de lamento! Os homens, por mais que se sintam iluminados, estão em tenebrae e vivem em trevas na cova de acesso ao Lago de Gehenna.
Enquanto pessoas mergulham lá, infelizmente, estou sentado diante de um computador, a digitar estas palavras de revolta. Enquanto pessoas mergulham lá, as redes sociais estão cheias de baboseiras que de nada trazem edificação. Enquanto pessoas mergulham lá, estamos tentando nos distrair.
Não tentem me fazer esquecer os que morrem. Apenas me ajudem a tirá-los de lá. Mesmo que nos matem, mas não será no Lago de Gehenna, e sim no Monte Caveira.

Ozni Coelho

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