Digo: ‘Canto por aqueles que serão ou não serão’,
Mas o tempo, correndo então,
Subitamente ofereceu-me sua trêmula mão e disse:
‘ Qual o significado daquilo que vistes?
Sei que estou apenas de passagem,
Mas necessito saber:
Se não é através de mim, como podes ainda viver?’.
‘Vivo porque amo’, respondi,
Enquanto isto faço, vejo e experimento,
Aquilo que nunca antes vi’.
‘Mas há tanto assim para ver?’,
Questionou o tempo, inconsolável,
Sem sequer me conhecer.
‘Você passa por aqui e também por lá,
Não é esta sua razão de ser?
Eu, por minha vez,
Também tenho de passar, tanto quanto,
E exatamente como você’.
‘Mas por que passas por aqui agora
Aonde a hora nunca deixa a vida em paz?’
‘Trato de um papel representado.
Fui aqui um enviado,
Para que já não haja um ‘nunca mais’.
Para que a vida trate de si mesma,
E talvez você perceba,
Que o que deve é ir atrás’.
‘Mas, quem és tu, jovem rapaz?
Há tanto me questiono,
Mas não pude perguntar.
E onde estava?
Seria aonde Eu não posso estar?’
‘Sou a vida e a morte,
Meu velho e novo amigo,
Amigo que insiste em se arrastar.
E sim, lá eu estava.
E é para lá que tenho de te levar’.
As lágrimas do tempo,
Ainda molham as sepulturas
Aonde em horas tão escuras
Tantos reuniram-se para chorar.
Desde então o tempo morre.
Pois todo dia de mim socorre,
Uma vida para amar.
Desde então o tempo corre,
Pois todo dia em mim morre,
Uma parte do passar.
Coisa linda...sempre me surpreende...
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