segunda-feira, 19 de agosto de 2019

"...ento"



Olhe...
O relógio marca o tempo
O céu está cinzento
O chão está tremendo


O que estou fazendo?
Ouvindo e revendo
Ouvindo o som lento
Olhando você sentir o vento

Órion sonolento
O menino está marrento
O pregador está devendo
O cantor sem sentimento

O poeta está doendo
Olho vago remelento
Outro dia, um momento
Ostracismo a contento

Ouça isso: eu te entendo
Outro cara fraudulento
O que roubou daqui de dentro
O simples amor, claro e brilhento.

Ocasionalmente eu me sento
Organizo o sacramento
Olho firme o sofrimento
O povo escravo do relento

O menino poeirento
O negrume lamacento
Obscurece o pensamento
Obcecado por seu advento.

O final é sempre trágico, eu lamento.
Ontem ria e pulava o pavimento
O que restou do menino poeirento?
Outros dizem: restou o esquecimento.

Ozni Coelho Simões

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