quarta-feira, 4 de setembro de 2019

O pregador cansado



Chove na cidade de São Paulo, o chão seco empoeirado remove a candura das vestes alvas do sangue azul.

A extremidade do nascente do sol, os pés e mente em locais afastados, vida e sonho em discrepâncias intensas, só nos resta esperar a sentença: loucura rançosa pela muita crença.

O pregador ferido sentou-se à frente de si mesmo refletido no que pensou ser o espelho com todas aquelas marcas de sujeira trazidas pelo tempo. Era assim, cansado, perdido, desatento.

Desatento ao fato de que tudo o que ele queria era crescer. Desatento ao fato de que o pouco que ele precisava era soltar o ar para puxar a novidade.

Na guerra do caos, um jovem fugaz, linhas no rosto e na alma um grilhão. Sorrisos amenos, beijos profanos, taças em chamas e na cama a poção. Poção pra dormir, a qualquer outro custo, de novo isso tudo, tão pobre ilusão.

Ozni Coelho Simões

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